Clísia Reis
As mudanças de linha de ônibus em vista da integração direta ao BRT têm dividido opiniões na capital baiana.
Após a Secretaria de mobilidade de Salvador (Semob) promover alterações em diversas linhas de ônibus em Salvador de forma escalonada, desde junho deste ano, com o intuito inicial de ampliar a integração direta da população ao novo modal (BRT), para agilizar e reduzir o tempo de viagem dos usuários no transporte público, a estratégia gerou um contraponto na opinião pública, sobre se de fato essas mudanças facilitaram ou prejudicaram a população que utilizam o transporte público diariamente.
A obrigatoriedade da utilização do BRT gerada pelas alterações das linhas em diversos bairros da cidade, têm gerado um descontentamento em alguns usuários que reclamam do maior fluxo e loteamento de passageiros no modal após as alterações.
“Essa obrigatoriedade em utilizar o BRT facilitou apenas em um lado porque ele é mais rápido, porém com a retirada de algumas linhas, fez com que o fluxo de passageiros fique maior, agora quem conseguia ir sentado, fica em pé.”
Relatou Telma Souza, 51, que se sentiu afetada com essas mudanças.
“Agora o tempo de espera de intervalo entre uma condução para outra também aumentou. No começo os intervalos eram de três minutos, agora após essas alterações, os intervalos no BRT são de sete á dez minutos, o que acaba atrasando a população”. Completou ela.
Em contrapartida, os condutores da Integra (Integra Associação das Empresas de Transporte de Salvador), encaram as mudanças nas linhas de forma positiva, quando analisadas para a sua posição como motorista.
“Como motorista, ficou ótimo porque as corridas estão mais rápidas e o horário de descanso aumentou, entre as corridas.” Afirmou o motorista da Integra que preferiu não ter a identidade revelada.
No entanto, ele também ressaltou a dificuldade que a estratégia da Semob gerou para uma parcela do público.
“Porém quem usa o transporte público, como trabalhador e quem usa a acessibilidade, por exemplo, é totalmente contrário por causa do deslocamento, então em alguns bairros essas alterações não são proveitosas. Então não afetou os motoristas, mas sim o público”. afirmou.
As alterações foram realizadas em várias áreas da capital baiana, em linhas que atendem a região do subúrbio, orla e da cidade baixa.
A linha Brotas X Itaigara (1614-00) foi uma das rotas que sofreram alterações, substituída pela nova linha Mirantes de Periperi x BRT Cidadela (1649-00).
De acordo com relatos de moradores do subúrbio, essa mudança atrapalhou no tempo de deslocamento.
“Antes eu pegava a antiga linha e conseguia ir direto pra o bairro do Itaigara, mas agora, só é possível se pararmos na estação Cidadela para então chegar na estação do Parque da Cidade, no Itaigara, o que demanda mais tempo de viagem.”
Contou a estudante de enfermagem Letícia Fernandes, 19, moradora do bairro de Periperi.
Embora o objetivo da prefeitura seja diminuir o tempo de espera no pontos de ônibus e integrar a população ao BRT, a estratégia não abrangeu toda a população de acordo com relatos dos úsuarios. O BRT passou por diversas polêmicas desde o inicio das obras na capital baiana, a construção de estações também causaram a derrubada de árvores centenárias e tamponamento de rios entre a região da Lapa até o bairro do Iguatemi. Desta forma a implementação do novo modal já contrapôs direitos ambientais, e vêm provocando um descontentamento em uma parcela da população.